TEXTO – CHINA
Estou há pouco mais de dois anos morando na China, leitor, e devo dizer que a minha admiração pelos chineses só tem feito crescer. É um país que tem coesão e rumo, como notou o meu colega de coluna neste jornal Cristovam Buarque, que passou recentemente por aqui.
Coesão e rumo. Exatamente o que falta ao nosso querido país. E mais o seguinte: uma noção completamente diferente do tempo. Trata-se de uma civilização milenar, com mentalidade correspondente. Os temas são sempre tratados com uma noção de estratégia e visão de longo prazo. E paciência. A paciência que, como disse Franz Kafka, é uma segunda coragem.
Nada de curto praxismo, do imediatismo típico do Ocidente, que têm sido tão destrutivos e desagregadores.
Esse traço do chinês é até muito conhecido no resto do mundo. Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que traduz essa noção singular do tempo. Em certa ocasião, no início dos anos 1970, um jornalista estrangeiro lançou a pergunta: “Qual é afinal, primeiro-ministro, a sua avaliação da Revolução Francesa?” Chou En-Lai respondeu: “É cedo para dizer”.
Recentemente, li aqui na China que essa célebre resposta foi um simples mal-entendido. Com os percalços da interpretação, Chou En-Lai entendeu, na verdade, que a pergunta se referia à revolta estudantil francesa de 1968! Pronto. Criou-se a lenda.
Pena que tenha sido um mal-entendido. Seja como for, é indubitável que para os chineses o tempo tem outra dimensão. Para uma civilização de quatro mil anos ou mais, uma década tem sabor de 15 minutos.
(O Globo, 15/9/2017)
“Para uma civilização de quatro mil anos ou mais, uma década tem sabor de 15 minutos”.
Em busca de expressividade, o autor do texto apela, neste caso, para um(a):
É uma hipérbole, pois há um exagero – “uma década em 15 minutos”.
(A)
Hipérbole: Trata-se de uma figura de linguagem que consiste no exagero proposital com o objetivo de realçar uma ideia. A frase em questão compara uma década a 15 minutos para uma civilização milenar, o que é claramente um exagero para enfatizar a percepção diferenciada do tempo por uma cultura antiga.
(B) Metonímia: Esta figura de linguagem ocorre quando uma palavra é substituída por outra, com a qual tem uma relação lógica, sem haver necessariamente um exagero.
(C)
Personificação: Consiste em atribuir características humanas a algo que não é humano. Não se aplica neste caso, pois a frase não personifica a civilização ou o tempo.
(D)
Eufemismo: É a suavização de uma expressão que poderia ser considerada dura ou desagradável. Não se encaixa na situação, pois a frase não está tentando suavizar, mas sim exaltar uma característica através do exagero.
(E)
Pleonasmo: Ocorre quando há uma redundância proposital de ideias para reforçar a mensagem. A frase não apresenta redundância, mas sim uma comparação exagerada para enfatizar um ponto de vista.
O que é hipérbole?
Hipérbole é uma figura de linguagem utilizada para expressar exagero com o objetivo de criar um efeito de intensidade ou ênfase na comunicação. | |
Exemplos de hipérbole:
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