FGV
Nível Superior
ALBA
2014

Valores democráticos


Deu no Datafolha: para 62% dos brasileiros, a democracia “é sempre melhor que qualquer outra forma de governo”. Folgo em saber que a imagem da democracia vai bem, mas a frase é verdadeira?


Eu não faria uma afirmação tão forte. Como Churchill, acho melhor limitar a comparação ao universo do conhecido. “Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem‐se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas de tempos em tempos”, proclamou o estadista britânico.


Com efeito, não há necessidade de transformar a democracia num valor religioso. Ela deve ser defendida por suas virtudes práticas. Para descobri‐las, precisamos listar seus defeitos.


Já desde Platão sabemos que ela é sensível à ação dos demagogos. E, quanto mais avançamos no conhecimento do cérebro e da psicologia humana, descobrimos novas e mais sutis maneiras de influenciar os eleitores, que usam muito mais a emoção do que a razão na hora de fazer suas escolhas. É verdade que, com a prática, os cidadãos aprendem a defender‐se, mas, de modo geral, são os marqueteiros que têm a vantagem.


Outro ponto sensível e delicado é o levantado pelo economista Bryan Caplan. A democracia até tende a limitar o radicalismo nas situações em que os eleitores se dividem bastante sobre um tema, mas ela se revela impotente nos assuntos em que vieses cognitivos estão em operação, como é o caso da fixação de políticos e eleitores por criar empregos, mesmo que eles reduzam a eficiência econômica.


Se a democracia se presta a manipulações e não evita que a maioria tome decisões erradas, por que ela é boa? Bem, além de promover a moderação em parte das controvérsias, ela oferece um caminho para grupos antagônicos disputarem o poder de forma institucionalizada e pouco violenta. É menos do que sonhavam os iluministas, mas dado o histórico de nossa espécie, isso não é pouco.


(Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 01/04/2014)

Assinale a opção que apresenta a frase em que a nominalização da forma verbal é realizada de forma adequada.

Comentário rápido

A) O certo seria “limitação”.

C) O certo seria “criação”.

D) O certo seria “promoção”.

E) O certo seria “listagem”.

Comentário longo

A. “…acho melhor limitar a comparação…” / acho melhor o limite da comparação…

  • Original: A frase mantém a ação em forma verbal (“limitar”).
  • Nominalização: Transforma a ação em um substantivo (“o limite”).
  • Comentário: A transformação não é feita de forma adequada. O correto seria “a limitação”.

B. “…os cidadãos aprendem a defender‐se…” / os cidadãos aprendem autodefesa…

  • Original: A frase apresenta uma ação reflexiva (“defender-se”).
  • Nominalização: A ação é convertida em um substantivo composto (“autodefesa”).
  • Comentário: A nominalização é correta e condensa a ideia de aprender a se defender em um único termo, mantendo o sentido original.

C. “…como é o caso da fixação de políticos e eleitores por criar empregos…” / como é o caso da fixação de políticos e eleitores pela criatividade de empregos…

  • Original: Descreve a ação de se fixar em criar empregos.
  • Nominalização: Tenta transformar a ação em um substantivo (“criatividade”), mas altera significativamente o sentido original, que é sobre a fixação em criar empregos, não sobre “criatividade” em si.
  • Comentário: A nominalização não é feita de forma adequada, pois distorce o sentido original da frase. O correto seria “a criação”.

D. “Bem, além de promover a moderação…” / Bem, além de provocação da moderação…

  • Original: A frase utiliza um verbo para indicar ação (“promover”).
  • Nominalização: A tentativa de transformar em substantivo (“provocação”) não só muda o verbo, mas também altera o sentido, pois “provocação” tem uma conotação diferente de “promover”.
  • Comentário: A nominalização é inadequada, pois altera o sentido original da frase. O correto seria “a promoção”.

E. “…precisamos listar seus defeitos…” / precisamos do alistamento de seus defeitos…

  • Original: A frase apresenta uma ação direta (“listar”).
  • Nominalização: A ação é transformada em um substantivo (“alistamento”).
  • Comentário: A nominalização não é feita de forma correta. O certo seria “a listagem”.

O que é nominalização?

A nominalização é um processo linguístico que consiste em transformar uma palavra de outra classe gramatical em um substantivo.

Exemplos:

  • O Capitão América liderou a resistência contra a invasão alienígena.
    • (Nominalização: liderança)
    • A liderança do Capitão América foi crucial para a resistência contra a invasão alienígena.
  • O Thor usou seu martelo para destruir a nave inimiga.
    • (Nominalização: destruição)
    • A destruição da nave inimiga foi realizada pelo Thor com o uso de seu martelo.
Nominalização

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