Você está na matéria de

O que é predicativo do sujeito?

Um termo que caracteriza um ESTADO.

  • Este estado pode ser permanente:
    • Eu sou elegante.
    • Harry vive arrumado.
  • Este estado pode ser mutatório:
    • Dumbledore ficou espantado com a atitude de Harry.
    • Snape fez-se bravo.
  • Este estado pode ser contínuo:
    • Lúcio Malfoy permanece mau.
  • Este estado pode ser aparente:
    • Draco parece melhor.

Características do predicativo do sujeito:

  • Estará no predicado
    • Só aparece no sujeito se estiver isolado por vírgulas
      • Exemplo: Harry, louquíssimo, se jogou contra Voldemort.

Independência do verbo de ligação

Veja esta frase:

Harry, louquíssimo, se jogou contra Voldemort.

  • Indica um estado mutatório (nem sempre Harry é louco)
  • Não existe verbo de ligação
    • Neste caso, o verbo é pronominal (perceba que o ‘se’ é um pronome reflexivo).

Embora muitas vezes o predicativo do sujeito esteja associado a verbos de ligação (como ser, estar, parecer), ele também pode ocorrer com verbos que indicam ação, como "jogou" neste contexto, desde que atribua uma qualidade ou estado ao sujeito no contexto da ação.

Predicativo do sujeito-01

Caiu na prova

Cespe / Cebraspe
Analista
Câmara dos Deputados
2014

Tentação

Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.

Na rua vazia as pedras vibravam de calor ― a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.

Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob sua fatalidade. Era um basset ruivo.

Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.

A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.

Entre tantos seres humanos que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.

Os pelos de ambos eram curtos, vermelhos.

Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem se falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.

No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos ― lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.

Mas ambos eram comprometidos.

Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.

A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.

Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Clarice Lispector. Tentação. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994.

Considerando aspectos estilísticos, semânticos e gramaticais desse conto, julgue os itens subsequentes.

A expressão “na figura de um cão” e o termo “pasmada” desempenham, no contexto sintático em que se inserem, a função de complemento nominal e predicativo do sujeito, respectivamente.

Comentário rápido

Frase 1) A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão.

→ A expressão “na figura de um cão” está ligada ao adjetivo “encarnada”.

→ Um termo preposicionado que se refere a um adjetivo só pode ser complemento nominal!

Frase 2) A menina abriu os olhos pasmada.

→ “A menina” é o sujeito.

→ “Pasmada” caracteriza um estado mutatório da menina. Sendo assim, a palavra “pasmada” é um predicativo do sujeito.

→ Olha que interessante! “ABRIU” é um verbo transitivo direto, e não de ligação. Nem sempre o predicativo do sujeito virá necessariamente depois de um verbo de ligação!

O que é predicativo do sujeito?

Um termo que caracteriza um ESTADO.

  • Este estado pode ser permanente:
    • Eu sou elegante.
    • Harry vive arrumado.
  • Este estado pode ser mutatório:
    • Dumbledore ficou espantado com a atitude de Harry.
    • Snape fez-se bravo.
  • Este estado pode ser contínuo:
    • Lúcio Malfoy permanece mau.
  • Este estado pode ser aparente:
    • Draco parece melhor.

Características do predicativo do sujeito:

  • Estará no predicado
    • Só aparece no sujeito se estiver isolado por vírgulas
      • Exemplo: Harry, louquíssimo, se jogou contra Voldemort.

Independência do verbo de ligação

Veja esta frase:

Harry, louquíssimo, se jogou contra Voldemort.

  • Indica um estado mutatório (nem sempre Harry é louco)
  • Não existe verbo de ligação
    • Neste caso, o verbo é pronominal (perceba que o ‘se’ é um pronome reflexivo).

Embora muitas vezes o predicativo do sujeito esteja associado a verbos de ligação (como ser, estar, parecer), ele também pode ocorrer com verbos que indicam ação, como "jogou" neste contexto, desde que atribua uma qualidade ou estado ao sujeito no contexto da ação.

Predicativo do sujeito-01

Qual é a diferença entre complemento nominal e adjunto adnominal?

Essa aqui confunde muita gente BOA. Há pessoas que simplesmente desistem do assunto e que, por isso, correm o risco de perder um ponto importante na prova.

Este assunto, entretanto, não é difícil de compreender… só é difícil de ser lembrado.

Adjunto adnominal

  • Está junto, junto, juntinho ao nome (substantivo)
  • É relacionado a um substantivo concreto ou abstrato.
  • Pratica a ação → caráter “agente”
  • Indica posse
  • Pode ou não ser precedido de preposição

Exemplo:

  • O corajoso Frodo, portador do anel poderoso, iniciou sua longa jornada até a Montanha da Perdição.
    • A palavra “corajoso” se relaciona a Frodo, que é um substantivo concreto (todo nome próprio é substantivo concreto). Como complementos nominais não se relacionam a substantivos concretos, temos aqui um adjunto adnominal.

Complemento nominal

  • É relacionado a um substantivo abstrato, a um adjetivo ou a um advérbio
  • Quando relacionado a um substantivo, esse substantivo só pode ser abstrato.
  • Recebe a ação → caráter “paciente”
  • Nunca indica posse
  • SEMPRE é precedido de preposição

Exemplo:

  • Meus amigos Frodo e Sam enfrentam muitos perigos.
    • A palavra “perigos” se refere à palavra “muitos”, que é um advérbio. Logo, a palavra “perigos” é um complemento nominal.
Adjunto adnominal vs complemento nominal-01
A discussão ainda não começou.

Faça sua pré-matrícula:

plugins premium WordPress