Cespe / Cebraspe
Nível Superior
Prefeitura de São Paulo
2016
Matéria: Português – Gramática

O Brasil é um país de cidades novas. A maior parte de seus núcleos urbanos surgiu no século passado. Há cidades, entretanto, que já existem há bastante tempo. Contemporâneas dos primeiros tempos da colonização, algumas delas já ultrapassaram inclusive a marca do quarto centenário. Poucas são as cidades brasileiras, contudo, que ainda apresentam vestígios materiais consideráveis do passado.

Se hoje o Rio de Janeiro, fundado em 1565, vangloria-se de seu “corredor cultural”, que preserva edificações da área central construídas na virada do século XIX para o XX, é importante lembrar que as edificações aí situadas substituíram inúmeras outras antes existentes no mesmo local. Nem mesmo o berço histórico da cidade existe mais, arrasado devido à destruição do Morro do Castelo em 1922. E o que falar de São Paulo, fundada em 1554? Da pauliceia colonial e imperial quase mais nada existe, e, se ainda temos uma boa noção do que foi a cidade da primeira metade do século XX, é porque contamos com a paisagem eternizada das fotografias e com os belíssimos trabalhos realizados pelos geógrafos paulistas por ocasião do quarto centenário da cidade.

Há outros exemplos. Olinda, fundada em 1537, orgulha-se de ser patrimônio cultural da humanidade, mas esse título não lhe foi conferido em razão dos testemunhos que sobraram da cidade antiga, em grande parte substituída por construções em estilo eclético ou art déco do início do século passado. E se Salvador, criada em 1549, e Ouro Preto, fundada em 1711, podem gabar-se de manter ainda um patrimônio histórico-arquitetônico apreciável, isso se deve muito mais à longa decadência econômica pela qual passaram, que atenuou os ataques ao parque construído, do que a qualquer veleidade preservacionista local.

Em suma, não é muito comum encontrarem-se vestígios materiais do passado nas cidades brasileiras, mesmo naquelas que já existem há bastante tempo. Há, entretanto, algo novo acontecendo em todas elas. Independentemente de qual tenha sido o estoque de materialidades históricas que tenham conseguido salvar da destruição, as cidades do país vêm hoje engajando-se decisivamente em um movimento de preservação do que sobrou de seu passado, em uma indicação flagrante de que muita coisa mudou na forma como a sociedade brasileira se relaciona com as suas memórias.

Mauricio Abreu. Sobre a memória das cidades. In: Ana Fani Alessandri

Carlos et al (Orgs.). A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Editora Contexto, 2013, p. 21-2 (com adaptações).

Assinale a opção que apresenta um termo que exerce a função de objeto direto na oração do texto I em que ocorre.

Comentário rápido

Cidades é objeto direto (gabarito: letra D).

No texto, o verbo “haver” está no sentido de “existir”, logo, é impessoal:

Há cidades

Neste caso, há uma oração sem sujeito. Cidades é objeto direto do verbo impessoal “há”.

Comentário longo

Vamos às alternativas erradas:

A) Nem mesmo o berço histórico da cidade existe mais.

Colocando na ordem direta:

  • O berço histórico da cidade não existe → sujeito do verbo existir.

B) não é muito comum encontrarem-se vestígios materiais do passado

  • A oração “encontrarem-se vestígios materiais do passado” está na voz passiva sintética.
    • Colocando na voz passiva analítica:
      • Vestígios materiais do passado não são comumente encontrados.
        • Sendo assim, temos aqui um sujeito paciente.

C) muita coisa mudou na forma como a sociedade brasileira se relaciona com as suas memórias

Muita coisa → sujeito do verbo “mudou”.

E) esse título não lhe foi conferido em razão dos testemunhos que sobraram da cidade antiga

Equivalente a:

  • “Esse título não foi conferido a ela”.
    • Ou seja, “esse título” é sujeito da locução verbal “foi conferido”.
    • É um sujeito PACIENTE, pois a frase original está na voz passiva.

O que é oração sem sujeito?

O que é oração sem sujeito?

  • Oração sem sujeito: São orações nas quais não há sujeito, nem mesmo oculto ou indeterminado, geralmente porque o verbo não se refere a nenhum agente específico. Essas orações geralmente são construídas com verbos que indicam fenômenos da natureza, verbos que expressam tempo ou existência.
  • Exemplos:
    • Fenômenos da natureza: "Choveu muito ontem." (Não há quem "chove", o fenômeno ocorre independentemente de um agente).
    • Tempo: "É tarde." (Expressão de tempo, não há sujeito).
    • Existência: "Há livros na mesa." (Indica existência, não há sujeito realizando a ação de "haver")

As orações sem sujeito que você mais vai encontrar em sua prova são aquelas que vêm com o verbo “haver” no sentido de “existir”.

Exemplo:

  • Há casas térreas em Brasília.
  1. Verbo: "Há"
    • Tipo de verbo: Verbo impessoal usado no sentido de existir.
  2. Sujeito: Não há sujeito na oração.
    • Justificativa: O verbo "haver" no sentido de existir faz a oração ser considerada sem sujeito, pois o verbo não se refere a nenhum sujeito específico.
  3. Complementos:
    • Núcleo do Complemento: "casas térreas"
      • Função: Funciona como o objeto direto implícito, sendo o elemento existente.
Oração sem sujeito-01

O que é um objeto direto?

O objeto direto é um termo da oração que complementa o sentido de um verbo transitivo direto, sem ter uma preposição.

  • Exemplo 1
    • Frase: "Carol escreveu um livro".
    • Verbo: "escreveu" (transitivo direto).
    • Pergunta: "Carol escreveu o quê?".
    • Objeto Direto: "um livro" (complementa o sentido do verbo sem preposição).
  • Função do Objeto Direto
    • Recebe a ação expressa pelo verbo de forma direta.
    • Essencial para a construção de frases claras e completas.
    • Indica que o verbo executa uma ação que recai sobre um elemento.
  • Exemplo 2
    • Frase: "Ela estudou a matéria".
    • Verbo: "estudou" (transitivo direto).
    • Pergunta: "Ela estudou o quê?".
    • Objeto Direto: "a matéria" (completa o sentido do verbo "estudou").
Objeto direto-01

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